sábado, 25 de abril de 2009

Esqueça-me as coisas todas


Eu lembro, e justamente por isso, me humanizo na medida que sofro. Hoje, 26 de abril de 2009, ano do nosso senhor, me pergunto qual o limite para o direito de escolha. Parece confuso, afinal, ninguém acredita, ou quer acreditar, que o sofrimento é fruto de uma escolha. Eu começo a acreditar que é. Em uma das minhas tentativas desesperadas de cansaço induzido, li uma grafic novel muito famosa; Batman e a "Piada Mortal". Enredo interessante, trama justinha, um Batman 1/24 ávos gay... e uma questão interessante. Em um momento, o Coringa afirma o seguinte, falando sobre a memória: "...mas podemos viver sem elas? a razão se sustenta nelas, negar as memórias e o mesmo que negar a razão". Interessante. Segundo o Coringa, qualquer homem, desde que exposto à intensa dor, escolhe a loucura para aliviar a dor, através do esquecimento. Parece um contra-senso. Devemos sofrer, e lembrar do que dói, para nos tornar mais humanos? E se sofrer for mesmo recordar, e se recordar for mesmo próprio da razão, então nosso parâmetro de realidade se baseia na dor. Simples assim. Se não doi, se não machuca, então é sonho, e sonhos só são sonhos porque não podem, e nem devem, ser reais. Onde, então, entra o direito de escolha? Bem... algumas pessoas escolhem a loucura. Evidente que só a minoria chega à niveis altamente nocivos, pelo menos aparentes, mas uma grande parte dos sofredores bloqueia lembranças, cria mundos de fantasia para refúgio, ou simplesmente se negam a crer no fato. Digo fato porque verdade é um conceito muito relativo. Domingo, 3 da madrugada, acabei de assistir "Brilho eterno de uma mente sem lembranças". Eu sei que o filme trata das "dores do amor", e que a questão é muito mais densa que isso, mas de certa forma, a trama passa sobre um aspecto interessante do ato de sofrer. Não vou contar o filme, recomendo muito, assistam, mas para o que eu quero dizer, basta que saibam que depois de uma desilusão amorosa, o Jim Carrey resolve "apagar" a Kate Winslet da memória. No meio do caminho ele se arrepende (eu também me arrependeria) e começa desesperadamente a lutar contra o esquecimento. Ele corre de mãos dadas com ela por entre lembranças que vão dissolvendo. É uma figura bonita, mas prefiro falar do significado. Em alguns casos você quer lembrar, mesmo sabendo que dói. Porque? Não sei, isso talvez ninguem saiba, apenas sinta que deve ser assim. É como os antigos bábaros que se orgulhavam de suas cicatrizes de batalha. Talvez lembrar seja o mesmo que dizer "eu venci, podia ter perdido, mas venci". Pela força de vontade, rijeza de espirito ou pura sorte, você venceu. Venceu? Talvez a dor tenha fugido e se escondido em algum lugar escuro da memória, só esperando o momento certo de voltar e atacar. Nesse caso, você lembra porque institivamente sabe que tem que ficar alerta. Sofrer pelo passado torna presente uma monumental perda de tempo. Acabou, passou, não tem mais sentido... o barco navega até a água corroer a madeira, e tudo afunda no oceano do esquecimento. Mas se você sofreu, e chorou, uma lágrima afunda junto com você.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

             

Sei que és pra mim intocável
Inalcançável, 
E que tudo sempre será ilusão.
Mas será que isto pertence só a mim, 
Que esses sonhos e desejos rondam apenas o meu dia.
Me resta a indecisão.
Não sei se pensas em mim, como penso em ti,
Se a alegria que toma conta de meu ser, 
Possui-te ao mesmo momento,
É tudo tão constante, indeterminado, 
Distante e incontrolável pra mim, 
Que me sinto sufocada, 
Sufocada em meu desejo, 
Em meus pensamentos,
Agora, meu derradeiro, fim, 
Em ti.

domingo, 19 de abril de 2009

Fim.

Chega um momento em que percebemos como estamos sozinhos.
É nessa hora que chegamos a conclusão de que tudo que foi dito e feito, não tem qualquer valia.
É o fim.
Fim de esforços - feitos em vão. Fim de uma guerra que nunca, realmente, existiu, mas causou estragos.
Estragos internos que deixaram mais marcas do que reparações.
Devastações. Em massa.
Foram-se os tempos em que apenas palavras de amigos confortavam.
Espere aí...ainda tens amigos?? Quem são seus amigos?
Parece que tudo se apagou. Cada momento vivido foi embora como uma fumaça ao ar.
Numa súbita reviravolta, tudo acaba e não sobra mais nada.
É...realmente, é o fim.
Chegamos ao fim de uma era, em que não há mais volta. Chegamos ao término do que, um dia, foi o começo.
Acabaram-se as esperanças, acabaram-se as ideologias, acabaram-se as vidas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

             

Vivi o passado,
Odiei o presente,
Temi o futuro,
E hoje só tenho a mim.
Perdi quem me amava,
Odiava, suportava.
Me perdi no tempo
Mas percebi uma coisa
O tempo não para
Ele passa
Vou esperar ele passar por aqui
e tentar me agarrar a ele
E esperar que ele me leve
A sentir o que ele me oferece.

Soneto Di Amantes

Soubeste, pois, de mim se distanciar.
Nas vezes que meu corpo quis o teu
Não sei se por capricho ou se por gosto
Só sei que o sentimento em mim morreu

Tornei tão solitário esse lugar
Quebrando as lembranças entre o breu
Queimei a folha que fizeste esboço
Intrínseco e ardente aos planos meus

Quisera que eu não fosse a parte amante
Deste amor pré-destinado a morrer
Pudera eu ter a morte inconsciente

Se eu fosse forte feito o diamante
Tão simples se faria o meu viver
Eu amo mais que não meu peito tente

A.R.S.

domingo, 12 de abril de 2009

Confissões

Confesso que todos os dias imagino como seria o seu olhar cristalino ao distinguir uma gota de melancolia em um oceano de solidão...

Confesso que às vezes converso sozinha e lhe digo coisas íntimas sem nunca ouvir ou ao menos esperar resposta alguma ou conforto algum...

Confesso que sua voz faz-me sentir completa e distante de tudo que assombra-me os pensamentos e das perguntas desesperançosas...

Confesso que a chuva me faz lembrar você, que mesmo quando toca minha pele e me arrasa como ácido, me deixa dormente e carente e quente...

É trágico e extinto. É humano e fantasia fantasmagórica. Apenas uma alma...sua voz o revela amor e desespero...

Por Ivne

Sometimes I need you far away from me


Sometimes I need you far away from me
To recognize myself between
The thin line of grace and sin
Where everything that was created meant to be

Sometimes I need you far away
For all the things we left unsaid
And for the love we never had
To know the reasons why I want to make you stay

Sometimes I need you far
To feel you here when I'm alone
The sudden will to write a song
The bass line pumping in the rhythm of my heart

Sometimes I need you
I think it happens everyday
I'm working hard to find a way
Not to fall apart and see my heart broken in two

But it only happens
Sometimes...

Por Julio Cesar

sábado, 11 de abril de 2009

Mystery White Boy

You are the cure for the ugliest of hatred. You are the splendor of the blackened souls. You are the stolen heart of every person in love. You are a drop of every tuned river. You are the romance of every kiss. You are the serenade of every fool. You are the shiver of every touch. You are the whisper of every pleasure. You are the crying of satisfaction.

You are everyone's invention. You are everyone's love. You are everyone's poetry. You are everyone's devotion. You are the purest of melodies.

You are you. Stupendously sufficient, magnificently desirable. You are the quality of imperfection. You are every chord of every song. You are the Grace. You are a good man.

You were Jeff Buckley.

Ass: Bells.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Quem é o melhor Jeff?






















Franco, Leadger ou Madruga? Lembrando que só um pode REALMENTE interpretar o Jeffito
e que comparar o Buckley da dramaturgia, Seu Madruga, com o James Franco é covardia...

































Encontros Inusitados

Um rapaz que nunca vi
De repente, cruza o meu caminho
E começa a conversar comigo
Tenho a impressão de que o conheço de algum lugar
Aquele olhar não é estranho
Começa a citar uma poesia
Sua voz entra nos meus ouvidos
Aquilo me encanta, me chama a atenção
É tão penetrante... emotivo... como se fosse uma canção do Jeff Buckley
Fico admirada com o jeito que ele me olha
Me abraça, como se eu fosse alguém que o deixou
Me diz que sentiu a minha falta
Achou que nunca mais iria me ver
Me encontrou na beira de um lago
Falando coisas que não conseguia entender
Começou a gritar, achando que eu não o ouvia
Se desesperou, quando me viu afundando
Não tive medo de ir, mas eu ia tão devagar...
Senti a água batendo no meu rosto pálido
Cada vez mais, eu sentia que era o meu último adeus
Alguém me dizia que ainda não era a minha vez
E foram no meu lugar...


Poema dedicado à Jeff Buckley

Sofrimento Constante

Não sei o que faço aqui
Me sinto deslocado, como se fosse um estranho
Por mais que eu seja uma pessoa legal, sempre serei humilhado
Por mais que eu trate bem as pessoas, alguém jogará pedras em mim
Por mais que eu ajude alguém, sempre tem um que fala palavras que me derrubam
Sinto que estou me destruindo aos poucos
Não tenho mais palavras para responder quem me ofende
Não consigo mais reagir às provocações
Não tenho mais forças para me levantar
Quem sabe, o mundo não seria bem melhor sem mim?
Quero acabar com os meus problemas, meu sofrimento, minha dor
Quero que algo aconteça comigo... desejo me destruir completamente
Não tenho medo de morrer mas, quem sabe, essa não seja a única solução para o fim do meu sofrimento???

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sinto-me só

Sentada em meu quarto, 
imagino, idolatro
a simples idéia de fugir daqui
Imagino minha vida, 
sendo em fim, bem vivida
bem longe daqui
Haverá despedidas, 
choro de tristeza e alegria
daqueles que gostam verdadeiramente de mim
Mas também haverá falsidades, 
mentiras, comoções que estarão ali simplesmente por ser uma despedida.
Sei que me sentirei só, 
que chorarei,
que gritarei, 
Mas serei livre.
Irei ver o mundo diferente, 
levar a vida pra frente, 
E as lágrimas de tristeza terão fim.
Ficarão somente lembranças, gostosas de uma criança,
que viveu sua vida, 
Uma vida com chegadas e partidas, encontros e desencontros, lágrimas e sorrisos.
E no final da minha vida, 
Quando for a 'minha real despedida' 
ainda terei a esperança de que para aquelas crianças, 
do meu passado distante, 
para algumas amizades jamais terei fim.

Canto ao meu encanto.

Canto ao meu encanto...
Canto de me encantar,de encontrar-me em silêncio,de aprender-me em silêncio,de refazer-me e sentir...
Canto de me amar,de entender-me nos defeitos,de aceitar-me sem efeitos,reconhecendo-me em meus feitos.
Canto de me aferir,de igualar-me ao presente,de evoluir-me do passado,de planejar-me ao futuro.
Canto de me calar,de saborear-me em meu sossêgo,de sucumbir-me ao meu condão,e bastar-me em meu acalento.


Ânderlo. R. Silva

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Jeff Buckley e nós

Jeff Buckley morreu jovem, com pouco mais de trinta anos. A influência musical de Buckley ainda se faz presente em diversas bandas do cenário musical atual, podemos citar Radiohead e Coldplay, apenas pra falar das mais conhecidas. Entretanto, mas do que isso, a obra de Jeff influencia e inspira milhares de pessoas. A voz melodiosa, as letras sensíveis e a sonoridade latente de um dos maiores compositores dos últimos anos não só servem como referência àqueles que tocam e/ou cantam. Pessoas comuns, como eu e você, também sentem que as músicas de Buckley não atingem somente ao ouvido, mas também ao coração. Impossível não se emocionar com os versos quase dolorosos de Lover, You Should’ve Come Over ou com a melancolia de Grace...

Em fevereiro deste ano, na comunidade Jeff Buckley Brasil, um tópico foi criado com a intenção de que os aspirantes a escritores e amantes das canções de Buckley, pudessem compartilhar seus textos. O que começou como uma proposta sem grandes ambições, tornou-se uma coletânea de textos extremamente rica e cheia de talentos a serem explorado, o que nos levou a criação deste blog. O objetivo principal é reunir as produções literárias de alguns fãs de Jeff Buckley e publicá-las, levando a público estes grandes talentos, reunidos pela admiração por Jeff. Isso nos prova que mesmo mais de uma década depois de sua morte, Jeff ainda vive dentro de cada um de seus fãs.

Cada verso publicado aqui contém um pouco da alma de seu autor e um pouco do Jeff; Assim sendo, é muito mais do que uma justíssima homenagem, prolongar, mesmo que indiretamente, a obra de Jeff Buckley. Nas palavras de Lucimara, um dos membros mais ativos da comunidade: “Jeff Buckley é algo para se descobrir aos poucos... e intensamente!”
Apreciem e opinem :)

Dor, poesia, beleza... e mais um pouco de dor.


Poesia. Eu diria que é a maneira de vomitar alguma realidade através do sentimento, não dos fatos, os malditos fatos indiscutíveis e inescapáveis. Poesia, nada mais que hemorragia, não de sangue, e sim de dor, insatisfação e angústia, mas a tristeza é bela demais para permitir que sua carruagem de princesa se apresente assim, feia. Por isso a poesia é sempre bela. É o cartão de visita das tuas lágrimas.

Esse lugar preto-e-branco onde acontecem todas as dramaturgias do descontentamento, e não há, nem no firmamento, lugar melhor para deixar sair o grito ancestral do amor.

Não... o amor não nasceu do desejo ou de qualquer outra coisa boba. O amor veio da necessidade de injetar um calmante na alma que tem medo de morrer.

Nem todos tem medo de morrer, mas alguns vão muito devagar...


Você caminha o tempo inteiro, e o tempo inteiro brinca de ser alguém. Alguém que chora, que sente saudades, que queima em ódio, que adormece mesmo sob o torpor da paixão. Um pedaço de carne vulgar que senta-se ao balcão e pede uma bebida. Que ruído sereno esse que os filmes "b" da madrugada produzem quando a tv está com o volume quase mudo, quase morto, quase como que os seus olhos quando olham para porta do bar embaçada pelo frio e pela chuva, e você pensa "Porque?" - Pro inferno todas essas manhãs sem sol! o mesmo inferno onde repousa minha miséria patética de esperar, sentado, que ela entre por aquela porta e me diga algumas mentiras surradas pelo tempo e pelo senso de ridículo!

Em fúria honesta, você agarra barman pela gola e pergunta "quem, hoje em dia, acredita em amor?"


Mas o barman é só um cara comum, não responde. Apenas olha com desprezo e imagina a total falta de utilidade e sentido daquele desespero. Ele vive apenas, e fala das coisas sem ardor, mas é fiél à realidade.


A maldita realidade que me obriga a escrever coisas sem sentido, na intenção mais sem sentido ainda, de alcançar um anjo morto.


Uma gota cristalina, e morta, num oceano de dissabores...